O imponente Teatro Narciso Ferreira, em Riba de Ave, reabriu na passada sexta-feira, as suas portas à cultura, 77 anos após a sua inauguração realizada em maio de 1944. A reabilitação do emblemático edifício, que estava fechado há 20 anos, foi recebida pela comunidade ribadavense com expetativa e entusiasmo.
A noite amena de princípios de setembro convidava as pessoas a saírem de casa e foram muitos aqueles que quiseram ver de perto as luzes acesas no teatro, rendendo-se à sua grandiosidade.
Numa cerimónia simples, mas repleta de simbolismo que assinalou a conclusão das obras de restauro do espaço, o presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha, considerou o momento “um marco muito importante na história da vila de Riba de Ave”, referindo que se trata de “um investimento indutor do desenvolvimento cultural, social e até económico”.
“É um espaço de qualidade excelente não só do ponto de vista arquitetónico, mas dos equipamentos, da funcionalidade, dos meios técnicos, da potencialidade, pois tem todas as condições para receber grandes espetáculos nomeadamente as artes circenses”.
A inovação do espaço e o vanguardismo dos equipamentos foi de resto um dos pontos mais salientados por todos os convidados.
“Existem pormenores técnicos e funcionais que tornam este espaço único e inovador”, sublinhou o arquiteto Noé Dinis, que assina o projeto de arquitetura de restauro.
A título de exemplo referiu-se a sala de espetáculos que apresenta uma tipologia contemporânea multifuncional, de cota única, contemplando uma bancada telescópica motorizada, que retrai totalmente e um teto técnico integral praticável, características que lhe permitem configurações cénicas variáveis, capazes de responder tanto a desafios criativos específicos quer a montagens mais tradicionais, e ainda a utilizações de carácter lúdico e de atividades do âmbito da formação e da vida comunitária.
Para Paulo Cunha, “os próximos tempos serão assim de grandes desafios para Riba de Ave, mas também de grandes oportunidades”.
Com uma ligação próxima e emocional muito forte ao Teatro, Noé Dinis, lembrou que foi neste espaço que assistiu pela primeira vez ao cinema: “deveria ter 7 ou 8 anos”, o arquiteto explicou tratar-se de uma “obra complexa, polivalente, inovadora e vanguardista. Era um edifico que estava em ruínas e que agora renasceu. É como um Rolls-Royce, que é preciso agora valorizar”, acrescentou, lembrando que se trata de “um exemplar raro em Portugal da arquitetura modernista”.
Visivelmente emocionada estava a presidente da Junta de Freguesia de Riba de Ave, Susana Pereira, que considerou esta obra “uma das mais importantes intervenções dos últimos 50 anos em Riba de Ave.”
“Tudo o que está associado a este edifício mexe com as memórias e com a história de Riba de Ave. Foram muitos anos a olhar para ruínas. Entrar em Riba de Ave e olhar para este edifício abandonado era algo que tinha um efeito psicológico negativo na comunidade, hoje é exatamente o contrário. Toda a gente se sente entusiasmada, motivada para o futuro. Está aqui um edifício magnifico. Não é uma obra apenas para Riba de Ave. É uma obra para a região e para o país”, salientou.
Refira-se que o projeto de recuperação do Teatro Narciso Ferreira foi uma das grandes apostas culturais do executivo municipal, liderado por Paulo Cunha. Com um investimento de 3,5 milhões de euros a obra contou com verbas aprovadas no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), assinado entre a autarquia e o Programa Operacional Norte 2020, com o município a garantir um cofinanciamento FEDER, no valor de 2,9 milhões de euros.
O objetivo é tornar o Teatro Narciso Ferreira num espaço multifacetado, preparado para espetáculos de teatro, de dança, de música e para sessões de cinema, capaz de responder às necessidades da própria comunidade, mas também de albergar alguns espetáculos de âmbito mais profissional. Tem condições de excelência para acolher espetáculos de circo contemporâneo.